Angola espera-nos...(ou nós esperamos Angola...?)

domingo, setembro 17, 2006

Entrevista ao Bruno

Olá pessoal!

Deixo-vos agora algo diferente! Um trabalho de alguém que acompanhou o nosso regresso e "apanhou" o Bruno acabadinho de chegar de Angola. Aqui fica a entrevista do meu Bruninho (com todo o respeito, Claudinha!!LOL). Tomei a ousadia de corrigir pequeninos pormenores.



As crianças pouco sabem da vida, a não ser a guerra

Bruno Leite, jovem jornalista do Barreiro, licenciado em Comunicação Social, viveu o mês de Agosto, em Angola, as memórias da guerra, ao participar no projecto “Ponte”, da Associação de “Jovens sem Fronteiras”.Bruno Leite em breve conversa com “rostos” recorda essa sua aventura pelas terras de Huambo


A Associação “Jovens Sem Fronteiras” promove anualmente em Agosto, no âmbito do projecto “Ponte” a participação de jovens, oriundos de vários pontos do paísu, em acções de trabalho voluntário e de solidariedade com os povos.Bruno Leite, jovem jornalista do Barreiro, participou, com jovens de várias áreas, desde enfermeiros, estudantes, a trabalhadores com diversas formações, acompanhados por um Padre Missionário Espírito Santo, numa acção de solidariedade com Angola.

Montar um Ludoteca com material levado de Portugal

“Estivemos na cidade de Huambo, antiga Nova Lisboa. O nosso epicentro de trabalho foi Mwenho Ukola, um orfanato de meninas de ruas, que conta com o apoio da Associação “Jovens Sem Fronteiras”, onde estivemos a montar um Ludoteca, com material que foi levado de Portugal, oferecidos por pessoas das várias localidades onde os “Jovens sem Fronteiras” estão inseridos.Foram dados livros, cadernos, jogos didácticos. Estivemos a montar a fazer desenhos nas paredes.Transformámos aquele centro, tornando-o mais funcional para as crianças, em termos de estudo e como espaço para brincadeiras.” – recorda Bruno Leite.

Crianças que pouco sabem da vida a não ser a guerra

“Foram crianças que nos deram alguns sorrisos e isso foi muito compensador, porque, elas, são crianças que pouco sabem da vida, a não ser a guerra, que acabou à pouco tempo e, sente-se, que elas ainda a sentem a guerra nas suas cabeças.Nós fomos, ali, dar algum incentivo e acho que isso foi conseguido.” – sublinha com emoção Bruno Leite.

Falámos de Direitos Humanos

“Para além disso estivemos na Kamussamba, uma aldeia perto de Huambo, num Centro Mutilados, onde homens e mulheres com várias deficiências físicas, produzem artesanato.Na nossa estadia promovemos formação dirigida a mulheres, com a colaboração da PROMAICA – Promoção da Mulher Angolana da Igreja Católica. Falámos de saúde, da questão básica que é a cólera, na sua prevenção.E como grupo Católico que somos falámos de espiritualidade e demos também essa formação.Falámos de Direitos Humanos nomeadamente sobre o papel da mulher e do homem perante os Direitos Humanos.” – salienta Bruno Leite.

Fazem 30 km a pé para ir à Missa

“Esta é uma experiência que os “Jovens sem Fronteiras” fazem anualmente, no mês de Agosto, é o projecto – “Ponte”.Este ano só fui eu do Barreiro, mas noutros anos já foram outros jovens do Barreiro.Nós que somos “Espiritanos” fizemos uma pequena homenagem no Bailundo, onde morreu aquele missionário, em Fevereiro. Foi uma homenagem onde participaram, numa Missa, pessoas que percorreram cerca de 30 Km, para participar na Missa.Nós que, aqui, por vezes, nem vamos à Missa, ver aquelas pessoas que fazem 30 km a pé para ir à Missa, toca-nos bastante.” – refere emocionado e com um brilho nos seus olhos, Bruno Leite.

Olhar os picotados das paredes, marcas de balas

“São coisas que nos marcam, sentimos que a destruição em Angola é muita, há muita miséria, mas acho que ainda há uma esperança. A minha participação neste projecto foi a realização de um sonho, uma coisa que eu queria fazer há muito tempo.Eu estava a estudar jornalismo e já desejava realizar esta missão, este trabalho de voluntariado.Foi o realizar de um sonho e foi conhecer uma realidade, que conhecia de ouvir, mas, vendo, sentimos que ver é muito diferente de ouvir.Sentir e ver as pessoas, olhar os picotados das paredes, marcas de balas. Ver os rostos e acima de tudo ver o sorriso, um sorriso de quem sente que está a viver em paz.

“Até que enfim estamos a ter visitas” – era um comentário que por vezes se escutava. Gostavam de nos ver ali, a todos nós, 11 brancos.Eu espero que Angola melhore e que a nossa passagem por ali seja um contributo para que seja construído um ponto de esperança.” – sublinha a finalizar Bruno Leite. Nota-se no rosto de Bruno Leite, enquanto fala desta sua experiência, emoção e uma alegria enorme de ter partilhado de forma voluntária o seu saber e a sua espiritualidade.Uma experiência que quer repetir...enquanto o jornalismo está à esepera de novos projectos.

S.P.
15 - 9 - 2006

http://www.rostos.pt/paginas/inicio2.asp?jornal=18&revista=5&cronica=30213&mostra=2

Obrigada Bruno pela ideia e por me ajudares a contar como foi!

Beijinhos sem Fronteiras

:: posted by Cat, 10:48 da tarde

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