Angola espera-nos...(ou nós esperamos Angola...?)

Olá amigos! Num post anterior falei-vos do Centro Criança Feliz. Neste irei continuar! Como prometi, irei falar-vos sobre latas e chinelos... não tem nada a ver? Isso dizem vocês! LOL No dia passado naquele centro, o principal objectivo era conhecer a obra e também estar com os meninos. Como já referi, o acolhimento fez com que nos sentíssemos em casa!

Passámos o dia a brincar com eles, a jogar matrecos (ver post "Uma pequena partilha..."), a conhecer o centro, a brincar com o Feliz (para quem não percebeu no post anterior é aquele macaquinho de aparência meiga!! Mas é só aparência, que o diga o Bolacha!!) ... Um dos espaços onde estivemos mais tempo, foi sem dúvida a oficina dos rapazes! Nesta oficina não havia chaves de fenda, porcas, parafusos, ou chaves inglesas. Mas ai de quem duvide que era uma oficina!




Ali havia de tudo para construir carros, jeeps, camiões...: latas de conserva, pedras e chinelos velhos! A perícia com que cortavam as latas com as pedras e as facas era impressionante! De certo, vocês já viram estes automóveis de que vos falo! Mas vê-los a serem construídos revela-nos como realmente as barbies e os gameboys são tão fúteis e pouco pedagógicos! Aqueles são os brinquedos dos rapazes! Havia alguns que aproveitavam peças de brinquedos "a sério" e colocam-nas nestes carrinhos. O resultado era surpreendente: havia um camião que até tinha uma sirene no tejadilho, e um outro que tinha luz na cabine! São uns verdadeiros artífices! O mais simples daqueles carros demorava cerca de 1 dia (no mínimo) a construir.

Todos nós queríamos trazer um daqueles carrinhos! Pela sua originalidade, beleza e por tudo o que representam! Fomos falando com eles... E não sei como vos direi isto mas, se por um lado, trazer um carrinho era uma forma de mostrar cá, a simplicidade e riqueza daquelas vidas, por outro estava (literalmente) a tirar um brinquedo a uma criança... senti-me bastante mal com esta situação... Mas no fim, quando estávamos a vir embora, aproximaram-se uns 5 ou seis rapazitos e depositaram ao meu lado uns tantos carrinhos e camiões. Deixaram-nos e afastaram-se... e eu fiquei sem saber o que dizer... perguntei-lhes se eram para nós e eles confirmaram... nem sei bem o que senti... como devem imaginar acho que era uma mistura de muita coisa... E apareci junto do grupo com os braços cheios de sonhos, sorrisos, humildade, simplicidade e generosidade...!

Beijinhos Sem Fronteiras

PS- com os chinelos faziam os pneus e com as latas, a estrutura.

Bem. Quanto á parte de não saberes o que sentes, posso-te dizaer que penso o mesmo ao lembrar situaç~es que vivi lá.
Os meus carros chegaram (quase) destruidos a Portugal.Quem sabe um dia volto á oficina para os arranjar...